terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Livro Movimento Tropicaliano - Capítulo 1

Capítulo 1 - Que país é este? 

Esta história se passa na hipotética nação de Tropicália, qualquer semelhança com um país que era sofrido, mas feliz, é mera coincidência. 

Tropicália está localizada num verdadeiro paraíso distante de vulcões, tsunamis, terremotos e qualquer outra intempérie da natureza. Clima agradável em quase toda sua extensão.

Digo “quase”, porque Tropicália é grande como um gigante. Suas terras se estendem desde relevos planálticos cobertos por matas de araucárias, passando por lindas serras cobertas de mata atlântica, adentrando o coração chapado de sua grandiosidade, para finalmente desembocar na imensidão verde sem fim. 

Tropicália tem a maior floresta; as praias mais bonitas; o maior rio; é o maior campeão do esporte mais amado de todo planeta; e, por tudo isso, e muitas outras coisas, vivia o povo mais feliz do mundo. 

Mas, alguns diziam que nem tudo eram flores. Apontavam que Tropicália tinha seca e também chuvas torrenciais. 

“Sábia escolha do Todo Poderoso” - respondiam. “É que Deus, tropicaliano que é, fez de propósito para incentivar nossa união. Uns com muita água, outros com pouca, só dividir que ficam todos felizes”.

Porém, este país tropical, bonito e abençoado, não escapou de uma terrível enfermidade endêmica que atacou todo o mundo da época: a corrupção.

Alguns países combateram a doença, mas o povo tropicaliano parecia já sofrer os efeitos colaterais da moléstia: o silêncio e a sonolência. 

Tropicália então foi dominada por poucos que exploravam tudo e todos. Exploravam desde a seca até as chuvas torrenciais. As riquezas de Tropicália, tidas como infindáveis, não saciavam a ganância daqueles que haviam sido infectados com o terrível mal: os corruptos.

E por 500 anos o povo silenciou. Algumas vozes destoantes de protestos surgiram ao longo do percurso, mas que sozinhas não faziam a diferença. 

E assim, o povo viveu e sobreviveu. Pobre, sofrido, explorado, mas seguindo feliz. 

E então? Seria a felicidade um dom ou uma desgraça? Seria apatia ou o melhor modo de suportar a dor que se arrastava por gerações? 

Não interessava mais a resposta. 

Num belo dia o povo acordou. Não me pergunte como e por que ocorreu naquele instante. 

Alguns dizem que foi o preço do tomate. 

E o gigante poderoso se ergueu e expulsou os tropicalianos infectados pela corrupção. 

E seu povo redistribuiu riquezas, repartiu o que tinham em abundância. 

E o povo mais feliz do mundo conseguiu ser mais feliz. 

E Deus abençoou ainda mais a imensa nação Tropicaliana.

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